Integrantes
História da banda
[Evanescence] Significa uma dissipação ou um desaparecimento como vapor.
“É uma palavra que a maioria das pessoas nunca escutou antes porque nós saímos do nada e nós queremos ter esse elemento de mistério. Eu também acho que é linda assim como nossa música.” – Amy
O primeiro encontro
Os fundadores da banda, Amy Lee e Ben Moody, se conheceram em meados de 1994, durante um acampamento de verão para jovens cristãos em Little Rock, Arkansas. Ben, com 14 anos, estava no ginásio assistindo a uma partida de basquete, quando ouviu o som da introdução de piano de “I’d Do Anything For Love” do Meatloaf. Ele tomou um susto quando percebeu que havia uma menina tocando do outro lado da quadra.
“Eu olhei para o piano e havia essa garota esbanjando um grande talento. Depois de minha raiva invejosa, calmamente fui até ela e me apresentei. Então, mais uma vez, ela me impressionou com as músicas que havia escrito. Eu achei que estava no paraíso, mas quando ela cantou, eu quase morri. Vindo daquele pequeno acampamento estava uma das mais belas e poderosas vozes que eu já tinha ouvido. Então eu, de alguma forma, a convenci de tocar com mais ninguém e resolvemos formar uma banda” – diz Moody.
Amy Lee, com apenas 13 anos na época, havia se mudado com sua família há pouco tempo e passava horas ao piano, sem se interessar em fazer amigos. Seus pais, preocupados com seu jeito retraído, encaminharam a jovem ao acampamento, na expectativa de que fizesse novas amizades na cidade.
Começo de batalhas
O início foi bem difícil, sem dinheiro para pagar integrantes, a única coisa que faziam era compor. Eles até se consideravam “almas gêmeas” nesse quesito, embora compusessem sempre separados e sozinhos. Nessa época a banda cogitou diversos nomes: Childish Intentions, Stricken, Halo Machine e For The Fallen.
As primeiras músicas a serem gravadas, já sob o nome Evanescence, foram “Solitude”, “Understanding”, “Give Unto Me” e “My Immortal”. Amy e Ben nutriam, naquele momento, uma espécie de competição amigável de baladas, a qual, segundo Ben, Amy ganhou com “Give Unto Me”.
O som que eles propuseram era influenciado por bandas e artistas como Living Sacrifice, Type O Negative, Portishead, Counting Crows, Garbage e Sarah McLachlan. Formavam um som único, que muitas vezes foi chamado de Nu-Metal ou Gothic Rock, mas a diferença era que, de acordo com a Amy: “O que eu trago à banda é a ideia e vibração da coisa romântico-clássica, as cordas, o coral, os vocais de fundo celestiais e o piano. A banda traz o rock – as guitarras e a bateria. Juntos criamos algo que é bastante original”.
Esse material foi parar nas mãos de Brad Caviness e Shelly LeCompt, que por alguma razão, começaram a tocar as músicas “Understanding” e “Give Unto Me” no Blitzkrieg – um programa de rock cristão do qual eles eram coprodutores, na rádio KABF em Little Rock. Deram à banda sua primeira exposição ao mundo. O Evanescence começou então a estabelecer uma reputação, mesmo sem ninguém saber como ou onde encontrar a banda, pois eles não podiam fazer shows por falta de músicos.
Mais tarde, a banda começou a gravar músicas com a Bigwig Enterprises e com ajuda de amigos como Will Boyd, Stephanie Pierce, Rocky Gray e Matt Outlaw, eles gravam seu primeiro EP para divulgação do trabalho. O Evanescence EP foi lançado em dezembro de 1998, durante o primeiro show feito pela banda no pub Vino’s. Naquela ocasião todas as 100 cópias do CD-R foram vendidas.
Mesmo com a negatividade de muitos que não acreditavam em seu potencial, eles não desistiram e em agosto de 1999 lançaram seu segundo EP. Sound Asleep EP ou Whisper EP, como é chamado. Ben, na época, gravou 50 cópias, que foram distribuídas pela Bigwig Enterprises. Dessa vez eles não as venderam em um show, mas dirigiram a amigos e fãs próximos. Neste momento a banda passa então a fazer alguns shows com a ajuda John LeCompt (guitarra), Rocky Gray (bateria) e Will Boyd (baixo).
Em dezembro de 1999 é oficializado um novo integrante, David Hodges (teclado e backing vocals), que contribuiu na composição do primeiro disco da banda, o Origin. Gravado pela Bigwig Enterprises com participações especiais, teve sua quantidade limitada inicialmente a 1.000 cópias, todas vendidas durante a festa de lançamento que ocorreu em quatro de novembro de 2000, no estacionamento do River Market de Little Rock. Neste mesmo local também se apresentaram outras bandas, como Living Sacrifice e Squad 5-0. Com seu sucesso local, outras 1.500 cópias foram produzidas e vendidas através do site da Bigwig Enterprises pelo preço de 10 a 15 dólares.
Embora Amy não considere o Origin como um álbum, mas apenas uma “maquiagem” de músicas demos para chamar as grandes gravadoras, este CD trouxe para o Evanescence uma identidade e força bem diferenciadas dos lançamentos anteriores. Devido a sua qualidade e quantidade limitada, até hoje cópias originais são vendidas a um altíssimo preço e diversos falsos relançamentos aparecem no mercado. Além disso, mais tarde o álbum foi contemplado no The Ultimate Collection, um box de vinil comemorativo da carreira do Evanescence, com todos os álbuns já lançados e gravações exclusivas.
A descoberta
Após ter se encontrado com a banda pela primeira vez, no Ardent Studios em Memphis, e se impressionado com as canções, o produtor Pete Matthews mostrou algumas demos a uma amiga da Wind-Up Records, Diana Meltzer.
“Eu estava com Pete Matthews, um amigo e produtor em meu escritório. Ouvimos umas sete horas de música naquele dia. Em determinado momento, ele disse que queria me mostrar uma banda com quem estava trabalhando em algumas demos. Quando eu ouvi “My Immortal”, eu sabia que seria um sucesso!” disse Diana Meltzer, sobre como descobriu o Evanescence. “Assim que ouvi a música, tive uma visão do que a banda poderia se tornar. Amy e Ben tinham 18 anos e eu sabia que, dando o tempo e a oportunidade, eles poderiam oferecer um som inovador. Nós os trouxemos para Los Angeles, matriculamos em uma academia, conseguimos um espaço para ensaios e um apartamento. Arranjamos aulas de atuação, voz e movimento para Amy. Tivemos toda a paciência e depois de quase dois anos trouxemos Dave Fortman para produzir o álbum.”
Durante os quase dois anos, a banda grava uma série de faixas novas, algumas com mais de uma versão para que a gravadora pudesse decidir quais fariam parte do álbum de estreia.
David Hodges decidiu sair da banda após as gravações do Fallen por diferenças criativas. No entanto, ele mantém amizade com Amy, inclusive foi um dos padrinhos de seu casamento, e Ben com quem trabalhou em outros projetos pós Evanescence.
Topo do mundo
Após terem assinado contrato com a Wind-Up Records, chega ao cinema o grande hit que anunciaria o Evanescence para o mundo, em 14 de fevereiro de 2003. “Bring Me To Life”, através do filme Daredevil / Demolidor – O Homem Sem Medo, e assim cai nas graças do público do rock. A faixa pertence ao álbum lançado em quatro de março de 2003, Fallen. O primeiro álbum oficial é um trabalho emocional, suave, de potencial irrefutável, guiado pelo vocal celestial de Amy Lee.
O primeiro grande single ainda contou com a presença de Paul McCoy do 12 Stones, da mesma gravadora. Na época, chegaram a cogitar que Mike Shinoda fizesse o rap da canção, já que a banda Linkin Park estava gravando o álbum Meteora no mesmo estúdio. Bring Me To Life, “É sobre acordar para as coisas que você tem deixado passar. Um dia alguém disse algo que fez meu coração bater mais rápido por um momento e percebi que, por meses, estava entorpecida, apenas seguindo com a vida” diz Amy.
A frase que Amy menciona é “Você está feliz com sua vida?” dita pelo Josh Hartzler, quando ambos eram apenas conhecidos. Mais tarde, Amy e Josh viriam a se casar e ter um filho.
Nós somos definitivamente uma banda de rock. Mas a diferença é que a música da nossa banda é épica, dramática, dark rock, diz Lee.
Quanto às suas letras, o Evanescence explora o dark, temas introspectivos do amor, desespero, e falta de esperança. Mas o grupo insiste que a mensagem fundamental é positiva: “A finalidade do álbum e da banda é que as pessoas saibam que elas não estão sozinhas ao lidar com sentimentos ruins ou qualquer coisa que elas tenham de passar” diz Lee, que escreve a maioria das letras. “Isso é viver e isso é humano. Eles não estão sozinhos, nós passamos por tudo isso também.”
“Somos bem sinceros com o que fazemos. Existe tanto drama adolescente na música hoje em dia. Não como nossa música. Não estamos tentando vender um ângulo, só estamos aqui escrevendo com nosso coração” enfatiza Moody.
Hoje, Fallen acumula mais de 17 milhões de cópias vendidas. Todo esse sucesso garantiu ao Evanescence, em 2004, o Grammy de melhor artista revelação e melhor música de hard rock.
O fatídico 22 de outubro
“Foi estranho sair em nossa primeira turnê”, lembra Amy. “Ninguém tinha qualquer expectativa e estávamos fazendo alguns shows em pistas de patinação, para tipo, 10 pessoas – foi muito hilário. Mas no final da semana tinha uma grande diferença, no final do mês estávamos tocando para centenas de pessoas – e no último verão estávamos tocando na frente de 50.000 pessoas na Alemanha”.
Amy trabalhou no dia de seu aniversário (13/12/2003 – Coliseu de Quebec – Quebec, Canadá).
Mas, nem só de alegrias é a história da banda. Uma das maiores baixas sofridas foi à saída de seu co-fundador e compositor, Ben Moody. Com a pressão, começaram a aparecer diferenças em perspectivas de vida que antes não se percebiam entre os dois. O próprio técnico da banda dizia que Amy e Ben deveriam ficar uns bons tempos sem se ver.
Moody falou sobre a sua saída em uma entrevista para a MTV: “As coisas com as quais lidamos em nossa música são coisas pelas quais as pessoas passam e nem sempre querem falar sobre elas. Para mim, isso é horrível, mas uma vez que você faz isso, depois deve chegar e dizer, ‘nós conseguimos nos livrar disso, e agora vai ficar tudo bem.’ Para a Amy, era sempre, ‘Não, nada nunca vai ficar bem.’ E eu não poderia viver com isso”.
Amy procurava caminhos de composição para a banda muito mais artística e Ben entendia que certas regras deveriam ser seguidas para que as pessoas pudessem ouvir, entender e comprar. Ben premeditou a sua saída, no meio da turnê, deixando a banda desfalcada. Durante horas conversou com o administrador da Wind-Up e, em 22 de Outubro de 2003, abandonou a banda antes do show em Berlim. Sua saída foi o maior choque que os fãs tiveram na história da banda.
Ares Esparsos
Em 2004, Terry Balsamo, da banda Cold, entrou de vez no Evanescence. Esse foi o ano de “vida de ônibus” da banda, cheia de loucuras – que renderam os extras do DVD Anywhere But Home, lançado em 23 de Novembro de 2014. Em agosto deste mesmo ano, eles entrariam de férias, pelos próximos dois anos. Expectativas surgiram sobre o futuro do grupo, com a mídia especulando se Amy era boa o bastante para liderar sozinha.
Após ouvirmos as primeiros notícias sobre um futuro álbum, em novembro de 2005, Terry é hospitalizado por causa de um derrame, devido ao excesso de headbangs. Ele havia recém terminado de gravar as guitarras para esse novo lançamento e, que bom, teve uma espetacular recuperação.
Out Of The Shadows
Durante o hiato de 2005, Amy se envolveu na campanha “Out Of The Shadows”, para esclarecer às pessoas o que era epilepsia (doença de seu irmão Robbie). Assista ao vídeo da campanha.
Renascimento da Essência
Em julho de 2006, Amy informou a todos que o baixista, William Boyd, finalizou todas as linhas de baixo do novo álbum, mas não iria mais participar da banda. “Há algumas semanas, o Will decidiu deixar a banda. Ele disse que simplesmente não pode realizar outra turnê mundial agora e quer ficar um pouco mais perto de sua família”. Poucas informações corriam sobre os outros integrantes da banda. Com relação à Amy, ela terminou o namoro com Shaun no início de 2006 e ainda estava processando o ex-empresário, Dennis Rider, por negligência profissional e assédio sexual.
Todos queriam saber se Amy era boa o bastante: o que seria do segundo álbum? Um novo Fallen ou algo completamente diferente? Em 2006, depois de uma longa espera, a banda finalmente lançou The Open Door. E dessa vez havia um parceiro presente de composição: Terry.
“Fazer esse álbum foi realmente muito intenso. Terry sofreu um derrame, teve o processo contra meu empresário e, além disso, também terminei o meu relacionamento com o Shaun Morgan. Mas tudo pelo que passamos só beneficiou na composição das músicas do álbum. Com o Fallen, a banda tinha muito que provar para criar identidade, agora que eu encontrei um ótimo parceiro de composição, nós pegamos nosso tempo para compor e tínhamos a liberdade de expressão. Não apenas dor ou tristeza, mas também raiva e sim, felicidade” diz Amy.
Comparando-se com as raízes da banda, The Open Door foi uma transformação de proporções épicas. Felicidade e experimentalismo são os temas mais surpreendentes.
Os vocais de Amy estão muito mais fortes e com um alcance maior; embora os solos de guitarra tenham diminuído em potência, mas a liberdade artística do álbum é o que mais chama a atenção. O álbum vendeu cerca de 8 milhões de cópias e serviu como resposta para todos os questionamentos feitos sobre a capacidade da Amy.
Para o tour que iniciava, Tim McCord da banda The Revolution Smile, foi convidado a participar do Evanescence como baixista. Com o sucesso do álbum, a comparação saiu da mídia e a atenção foi voltada para os locais novos que a banda passaria dessa vez, entre eles o Brasil. As cidades privilegiadas foram Porto Alegre (17/04/07), Curitiba (19/04/07), São Paulo (21/04/07) e Rio de Janeiro (22/04/07).
Mudanças estruturais
Dessa vez o choque foi duplo: durante a turnê, John LeCompt é demitido e Rocky Gray sai da banda junto com o companheiro. A imprensa divulga a saída dos integrantes em maio, logo após a passagem pelo Brasil.
Discussões e especulações muito intensas, até mesmo mensagens falsas, demoraram em tomar um rumo, principalmente porque Amy demorava a se pronunciar sobre o assunto: ela havia recém casado com Josh Hartzler (lembram-se da origem de Bring Me To Life?).
Rocky sai da banda em companhia a John, ambos ressaltando várias vezes em posts de blogs que agora formariam uma nova banda chamada Machina. Amy declarou no EvThreads que “Ambos já estavam prontos para sair. Eles foram bem claros sobre o fato de não se importarem com o Evanescence, e só ficaram na banda por dinheiro. Uma mentira que vem me importunando é o fato de Rocky ter se demitido segundo a imprensa. Ele nunca falou com nosso empresário ou comigo, mas falou para o resto da equipe que ele planejava sair durante minhas 2 semanas de lua de mel. Falei para John que era hora de ele fazer o que quisesse. Ser músico em turnê é frustrante se o que você realmente quer é criar música”.
John publicou “Às 3 da manhã de ontem eu recebi uma ligação da Amy. Mas não era a ligação de uma amiga que gostava de mim, mas de uma inimiga que estava pronta para machucar a mim e à minha família. Sem nenhuma advertência ou negociação sobre o meu futuro, eu fui demitido sem qualquer motivo”.
Novas incertezas
Os anos de 2008 e 2009 foram épocas de projetos paralelos para cada integrante da banda. Tim McCord fazia shows recorrentes em Sacramento, Califórnia, com sua ex-banda local The Snobs. Terry voltou a tocar com a Cold e em alguns projetos com Wes Borland, ex-companheiro da banda Limp Bizkit.
Amy começou a tocar harpa e fazer composições inspiradas em músicas celtas, até que, ao participar do lançamento comemorativo de 15 anos do filme Nightmare Before Christmas (O Estranho Mundo de Jack, no Brasil), conheceu o Will ‘Science’ Hunt (não confundir com o Will Hunt baterista), deixando-se influenciar por seu trabalho com programação e batidas eletrônicas. Tudo isso aumentou as dúvidas quanto ao retorno da banda. Em 2009, no entanto, Amy e Tim apresentaram uma composição nova chamada, Your Love, no programa Legends and Lyrics. A música até hoje não viu a luz do dia.
No mesmo período, Amy também declarou que um novo material estaria sendo produzido: “O meu tempo no estúdio com o Will ‘Science’ Hunt gravando ‘Sallys Song’ foi muito bom”. Foi um ambiente bom, livre, criativo. Então surgiu a ideia, ‘porque não gravar uma música própria?’ ele tem um estúdio em Forth Worth, Texas, e passamos dois dias lá escrevendo e gravando, o resultado foi uma música bem diferente – ela era escura e animadora. Era um sentimento que não tinha há um bom tempo. Então a gente passou boa parte do ano passado escrevendo igual a loucos, e no meio disso tudo eu disse, “Sabe de uma coisa, acho que estamos compondo um novo álbum do Evanescence”.
Essa nova música se chama Hi-Lo. “Hi-Lo’ é o título de trabalho”. Ela vai a uma direção mais eletropop – não há quaisquer instrumentos orgânicos. Segue a linha de Portishead ou Massive Attack, e a letra é sobre seguir em frente, mas de uma forma mais passiva, sem confrontar. É tipo “Hey, tudo já passou, eu superei isso e não estou brava com você.” disse Amy Lee.
Em meio a essa fase de composições, Amy anuncia a realização de um show surpresa no Maquinária Festival em São Paulo (08/11/09).
“Vocês, fãs do Brasil, são uns dos nossos melhores e mais loucos fãs”, disse Amy.
Mas antes de embarcar para o Brasil, a banda se reúne em Nova Iorque e realiza um show de ensaio para alguns fãs. Tanto em Nova Iorque, quanto em São Paulo, uma nova intro é apresentada: Lost Whispers. Com uma pegada dark-eletro, esse breve trecho apresenta o novo caminho que a banda gostaria de seguir.